1 - ABROLHOS – O COMPLEXO RECIFAL MAIS EXTENSO DO  OCEANO ATLÂNTICO SUL.

 2 - A OCUPAÇÃO URBANA NA ORLA DA COSTA DAS BALEIAS, ESTADO DA BAHIA: SUSCEPTIBILIDADE A DANOS ECONÔMICOS EM FUNÇÃO DA DINÂMICA COSTEIRA.

 3 - ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL  DO TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE BALEIAS, WHALE WATCHING, NA COSTA  DA BAHIA, BRASIL.

 4 - DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES GEOAMBIENTAIS DA ORLA MARÍTIMA DA COSTA DAS BALEIAS, EXTREMO SUL DO ESTADO DA BAHIA.

 

5 - DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL DE ZONAS MANGUEZAL DO ESTUÁRIO DO RIO ITANHÉM, MUNICÍPIO DE ALCOBAÇA, REGIÃO EXTREMO SUL DO ESTADO DA BAHIA

1 – ABROLHOS - O COMPLEXO RECIFAL MAIS EXTENSO DO  OCEANO ATLÂNTICO SUL

RESUMO

Os recifes de Abrolhos, no sul da Bahia, são os maiores e os mais ricos recifes de corais do Brasil, e são significantemente diferentes dos modelos recifais descritos na literatura. Essas diferenças dizem respeito à morfologia das estruturas recifais, ao tipo de sedimento do fundo, e aos seus principais organismos construtores. Os recifes distribuem-se em dois arcos ocupando uma área de aproximadamente 6.000 km2. A estrutura básica é o chapeirão, pináculo coralino com forma de cogumelo, com 5 a 25 m de altura e 5 a 50 m de diâmetro. No arco costeiro, os topos de chapeirões adjacentes coalescem lateralmente formando bancos recifais com extensão de 1 até 20 km e formas variadas. Estes bancos recifais não apresentam as zonas morfológicas descritas para os recifes do oceano Atlântico Norte. Nas suas bordas crescem crostas algais semelhantes aquelas descritas nos recifes do oceano Pacífico. O arco externo abrange recifes em franja bordejando as ilhas vulcânicas do arquipélago de Abrolhos e chapeirões isolados. Corais, mileporas e algas coralinas são os principais organismos construtores dos recifes. O números de espécies de corais é quatro vezes menor que o número de espécies descritas para os recifes do Atlântico Norte, e muitas delas são espécies endêmicas, arcaicas, isoladas de uma fauna de idade Terciária a qual tornou-se resistente ao estresse provocado pela turbidez periódica das águas brasileiras. Em contraste com a predominância de sedimentação carbonática na maioria dos recifes dos mares tropicais, os recifes costeiros de Abrolhos estão circundados por sedimentos lamosos com 40 a 70% de areias quatzosas e minerais de argilas.

2 - A OCUPAÇÃO URBANA NA ORLA DA COSTA DAS BALEIAS, ESTADO DA BAHIA: SUSCTIBILIDADE A DANOS ECONÔMICOS EM FUNÇÃO DA DINÂMICA COSTEIRA

RESUMO

 Este trabalho trata da determinação da densidade de ocupação da orla da Costa das Baleias, extremo sul do Estado da Bahia (Brasil), em termos da presença de construções fixas, e da avaliação da susceptibilidade a perdas materiais em função de índices de erodibilidade de suas praias. Tal avaliação indicou que 58,53% dessa linha de costa apresenta susceptibilidade a danos econômicos aqui classificadas como baixa, em 39,6% classificada como média, em 8,27% como alta e muito alta em apenas 1,6%. Estes resultados poderão ser úteis para a implantação de eventuais planos de gerenciamento costeiro que venham a ser implementados na orla da Costa das Baleias. Os trechos costeiros com susceptibilidades alta e muito alta à erosão devem ser considerados como áreas de alto risco. Os demais trechos necessitam de recuos e de faixas de terrenos livres de construções, que evidentemente é mais plausível em áreas com baixa densidade de urbanização, o que corresponde ao maior trecho da Costa das Baleias. Tal faixa poderia abranger praias de susceptibilidades variáveis sem pôr em risco a zona costeira urbanizada na sua retaguarda.

3 - ANÁLISE DAS POTENCIALIDADES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL  DO TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE BALEIAS, WHALE WATCHING, NA COSTA  DA BAHIA, BRASIL

RESUMO 

Diante da problemática desenvolvimentista do século XX, tornou-se evidente a preocupação mundial frente à exploração dos recursos naturais realizada pelos mais diversos setores da sociedade, dentre eles, o turismo. No entanto, as discussões ultrapassam as questões relativas à manutenção do patrimônio ambiental, partindo para a problemática referente ao bem estar social das mais diferentes populações contemporâneas e futuras. A partir deste momento, é evidenciada uma crescente demanda pelo turismo em áreas naturais e pelos lazeres e, conseqüentemente, o crescimento de formas alternativas de práticas turísticas, como o Whale Watching, ou o turismo de observação de cetáceos. A reocupação das áreas de reprodução pelas baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) e o conhecimento de sua ocorrência estimularam, nos últimos seis anos, o interesse pelo desenvolvimento do turismo de observação de baleias na costado estado da Bahia. Tendo em vista o potencial de crescimento do Whale Watching e possíveis contribuições associadas ao desenvolvimento da atividade como indutora do turismo local e regional, este trabalho tem como objetivo caracterizar e analisar as potencialidades econômicas, sociais e ambientais do segmento do turismo de observação de baleias na costa da Bahia, com um enfoque pontual em três localidades do estado -Praia do Forte (norte), Itacaré (sul) e Caravelas (extremo sul). As análises foram construídas a partir de pesquisas bibliográficas e fontes primárias de dados, obtidas através de entrevistas aos agentes sociais envolvidos do setor público, privado e terceiro setor, além de questionários aos turistas participantes da atividade, no ano de 2007. Para a valoração econômica ambiental, aplicou-se o método de custo de viagem. Em linhas gerais, o sucesso da atividade relaciona-se à responsabilidade sócio-ambiental das empresas turísticas, à participação constante do Instituto Baleia Jubarte e aos bons níveis de satisfação dos turistas. O desenvolvimento sustentável do turismo de observação de baleias na costa da Bahia  depende da participação e articulação de todos os agentes sociais envolvidos, incluindo o poder público, as comunidades locais, e do planejamento turístico participativo da atividade.

4 - DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES GEOAMBIENTAIS DA ORLA MARÍTIMA DA COSTA DAS BALEIAS, EXTREMO SUL DO ESTADO DA BAHIA

RESUMO

 O espaço da orla marítima vem sendo alvo de intensa ocupação devido principalmente às suas riquezas naturais e ao seu elevado valor paisagístico. Dentro deste espaço, o ambiente praial é o principal indutor desta ocupação. As praias  da orla da Costa das Baleias representam um importante recurso econômico e ecológico para a região.

Os levantamentos de dados foram feitos por meio de caminhamento nas praias, durante o período de 10 a 19 de novembro de 2003, ao longo de um trecho com cerca de 150 km de extensão, tendo sido feitas medidas  referentes às condições naturais e antrópicas dessa orla e coletadas amostras de 1 em 1 km, resultando em 148 pontos de amostragem.

Ao longo desta orla, foram identificados três  tipos de linha de costa: 1) bordejada por terraços arenosos, representando 84,96% de sua extensão, 2) bordejada por planícies de maré, 7,73% e, 3) bordejada por falésias costeiras, 7,31%.

As praias desta orla apresentaram sedimentos com granulometria predominantemente com a fração areia média. A declividade e a largura da face da praia apresentaram valores predominantemente entre 4 e 9° e entre 40 e 70 m, respectivamente. As ondas apresentaram alturas pequenas (< 0,5 m) em 89,86% das  praias, enquanto que, 10,14% apresentaram ondas grandes (> 0,5 m). A arrebentação variou entre progressiva ou deslizante, mergulhante e frontal, com predomínio do tipo progressiva ou deslizante, com algumas praias apresentando ausência de arrebentação. As areias foram predominantemente da cor creme, com poucas ocorrências das cores esbranquiçada e ocre. As águas apresentaram turbidez em praticamente todas as praias.

Estas praias apresentaram estados morfodinâmicos identificados como refletivo em 65,55% das mesmas e, intermediário de terraço de baixa-mar, em 20,94%, sendo que, em 13,51% destas praias não foi possível determinar o seu estado morfodinâmico. 

Quanto ao nível de segurança para o banho  de mar, as mesmas foram consideradas seguras, com exceção daquelas que apresentaram na face da praia feições como terraços de abrasão e restos de vegetação de mangue e  de coqueiros, ou ainda ondas grandes, o que caracterizou estas praias como de risco moderado ao banho de mar.

Em termos de comportamento, esta orla apresentou cerca de 38,85% de linha de costa em erosão, 29,65% sob equilíbrio, 1,02% sob progradação e 25,44% com alta variabilidade. Foram determinados os níveis de urbanização para esta orla em uma faixa costeira de 50 m de largura a partir do pós-praia, resultando que 85,24% de sua extensão apresentou nível baixo de urbanização, 5,77% nível médio, e 8,99% nível alto de urbanização.

As praias da Costa das Baleias são utilizadas principalmente para atividades de recreação e lazer, voltadas principalmente para atender a demanda turística  nesta região. Algumas atividades agrícolas foram observadas nesta orla, como o cultivo de coco, a silvicultura e a pesca, esta última desenvolvida ainda de forma artesanal, como principal meio de sobrevivência para pequenas comunidades locais. Esta ocupação não exerce fortes pressões ao longo desta orla, no entanto, a mesma determina  alguns conflitos ambientais como: (1) ocupação em locais inadequados, localizados nos limites inferiores aos estabelecidos pelo Projeto Orla, bem como pela Legislação Estadual; (2) ocupações em ambientes altamente instáveis, como em regiões próximas à desembocaduras fluviais; (3) trânsito de veículos nas praias, que pode causar sérios danos ambientais; (4) as atividades agrícolas, assim como a expansão urbana ao longo desta orla, têm causado a destruição de ecossistemas litorâneos; (5) o lixo presente nestas praias, como plástico, foi encontrado em 87,24% dos pontos, vidro, em 46,30% dos pontos, materiais utilizados para a pesca, em 30,80%, resíduos  de petróleo, em 19,46% dos pontos e, outros materiais, presentes em 14% dos pontos.

A avaliação do potencial de danos econômicos em resposta ao fenômeno da erosão costeira na Costa das Baleias indicou que 86,02% das praias aí localizadas apresentam baixo potencial de danos, 7,40% apresentam médio potencial e, apenas 6,58% dessas praias, apresentam alto potencial de danos.

5 - DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL DE ZONAS MANGUEZAL DO ESTUÁRIO DO RIO ITANHÉM, MUNICÍPIO DE ALCOBAÇA, REGIÃO EXTREMO SUL DO ESTADO DA BAHIA

RESUMO

 

Coletas de sedimentos, de folhas de Avicennia schaueriana Stapf e Leechn e de folhas de Avicennia germinans (L.) Stearn, foram realizadas em 7 estações, no manguezal do estuário do rio Itanhém, Alcobaça-BA. As estações 1 e 2 foram próximas à desembocadura do rio e da sede do município de Alcobaça. As estações 3 e 4, em sua porção intermediária. As estações 5, 6 e 7 na parte superior do rio, em direção à montante. Em cada estação foram feitas as seguintes coletas: testemunhos de sedimento de aproximadamente 1m de profundidade, os quais foram seccionados em 5 partes de 20cm; folhas adultas a partir do 3º nó, de Avicennia e foram determinados parâmetros físico-químicos "in situ": pH; temperatura e extinção da luz, nas águas superficiais adjacentes a cada estação. No sedimento foram determinados: as frações granulométricas, através do método da EMBRAPA; o teor de matéria orgânica, através do método gravimétrico e o teor de nitrogênio, pelo método Kjeldahl. No sedimento e nas folhas foram realizadas determinações dos teores de metais (Al, Fe, Mn, Cu, Pb, Zn, Cd e Cr), e de nutrientes (Na, K, Ca e Mg), através da espectrofotometria de absorção atômica, enquanto que o P foi determinado através de espectrofotometria visível. Exemplares de folhas foram ainda cortados transversalmente e paradermicamente e os tecidos foram evidenciados por coloração com verde iodo, vermelho congo e safranina. Além disso, foram realizados testes histoquímicos, para identificação de substâncias ergásticas. As análises evidenciaram que o sedimento é composto por 4 frações granulométricas argila, silte , areia fina e areia grossa, e que essas frações apresentaram uma assimetria positiva a muito positiva, indicando que o sedimento é formado por granulação fina, característicos de áreas de baixa energia. O teor de matéria orgânica e a relação C/N foi elevada, principalmente nas estações 1 e 2, provavelmente devido a forte influência dos efluentes orgânicos urbanos e industriais despejados pelo município. Os elevados teores dos metais Fe e Al do substrato, provavelmente, é conseqüência da composição mineralógica, composta principalmente por biotita, hornblenda, feldspato e muscovita. As altas correlações positivas do Al com o Cu, Zn e o Cr, indicam que a principal origem desses está no intemperismo dos minerais. O Zn permanece no substrato, devido a processos geoquímicos de copreciptação, com oxi-hidróxidos de Fe e Mn. As altas correlações do Cr com o carbono orgânico, nitrogênio e fração argilosa, indicam que o Cr está sendo acumulado no sedimento seja por processos de complexação pela matéria orgânica e/ou por processos de adsorção/absorção pelas argilas. O teor de Cd medido no substrato esteve abaixo do limite de detecção da metodologia utilizada para análise. O Pb apresentou teores considerados elevados para o meio ambiente, devido provavelmente a influência da combustão de veículos automotores como barcos de pesca e de turismo, carros e caminhões utilizados nas proximidades. As correlações obtidas entre o Pb e o Fe e Mn, indicaram que o Pb pode estar sendo acumulado no substrato através de processos de copreciptação, juntamente com oxi-hidróxidos de Fe e Mn. Teores elevados de Na, K, Ca e Mg e as correlações positivas entre sí no substrato provavelmente estão relacionados ao aporte de água do mar. A forte relação do Mg e do P2O5, com elementos representantes do material orgânico, indica uma significativa associação da matéria orgânica com o Mg e o P2O5. A folhas de Avicennia não apresentaram teores considerados elevados de Fe, Al, Mn, Cu, Zn, Cd e Cr. Entretanto, os teores de Pb foram bastante expressivos, podendo estar relacionado a absorção, associada a fixação desse elemento nas placas de ferro das raízes. Os nutrientes K, Ca, Mg, Na e P2O5 nas folhas, apresentaram-se dentro das concentrações consideradas normais através de comparações com padrões. O alto teor de Na nas estações 1 e 2, devem estar relacionados a influência direta das águas do mar. A análise da anatomia das folhas do gênero Avicennia não evidenciou modificações estruturais nos tecidos. A presença de estruturas análogas a "lenticelas", nas folhas de A. germinans, não é relatada em referências anteriores.